É preciso pensar
Somos triturados por uma ideologia consumista e instrumental que posa de pensamento único. O antídoto é se informar e pensar.
“O Réquiem de Mozart”, por Flávio Brayner.
Artigo indispensável publicado na página SLER, de 25 ABR 2024. TRECHOS:
E se entendêssemos que toda ciência e todo saber têm um limite de eficácia e que ultrapassado este limite eles produzem efeitos contrários aos pretendidos (sociedades que produzem milhões de automóveis para “facilitar” deslocamentos humanos e provocam congestionamentos desumanos, para dar apenas um exemplo)?
Será que isto faria com que a Universidade refletisse mais sobre sua obsessão inovadora e sua concentração em desenvolvimentos tecnológicos e entendesse que um mundo mais abarrotado de tecnologia é um mundo mais esvaziado de pessoas? Que a ciência médica que prolonga indefinidamente a vida, na expectativa final de superar a morte física, terminará por fazer com que uma vida eternizada perca todo seu significado e valor (algo que não acaba nunca, uma inesgotável abundância não tem nenhum valor relativo!)
(…) Será que desta forma, a Universidade entenderia seu papel de ponto de intersecção e encontro entre mundos que já não existem mais e mundos que não existem ainda?
(…) ciência sem consciência (moral) é uma das formas da “delinquência acadêmica”? [Termo cunhado pelo professor Maurício Tragtemberg]
(…) E se, finalmente, compreendêssemos que o papel da crítica é nos situar num espaço intervalar entre o que existe e o que poderia ser, entre um mundo tido como inaceitável humanamente e um mundo imaginado e, talvez, até possível? Neste caso, também poderíamos compreender que uma Universidade que aderiu completamente aos negócios e ao mercado perdeu sua função crítica.
(…) lógicas identitárias, injunções racionalistas e pragmáticas ou razões instrumentais não recobrem o conjunto da grandeza humana (assim como de sua miséria moral).
Para acessar na íntegra o brilhante artigo de Flávio Brayner: https://sler.com.br/o-requiem-de-mozart-ato-educativo/