Querida Leila

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readFeb 10, 2025

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Aparece mais um pernambucano que emplacou uns “picles” n’O Pasquim.

O jornalista recifense Gilson Oliveira, como 99% dos brasileiros do sexo masculino, naquelas lonjuras dos anos 1980, era apaixonado por Leila Diniz. Outra qualidade sua era a verve que imprimia em seus textos.

Arriscou escrever uns picles e mandou pro Pasquim, assinando com um dos seus nomes artísticos: Gil Oliveira. Pois não é que seus textículos saíram na edição 800 do semanário[1], justamente a que trazia a Musa do Brasil na capa, pela segunda vez (a primeira foi no n° 22, em novembro de 1969)?

Eis as pérolas:

- Se este mel for autêntico, a abelha é falsificada.

- Tão orgulhoso que sempre coloca um ponto de exclamação após o próprio nome!

- Se Maluf for eleito, o Brasil terá um governo das arábias.

- O Sistema da Habitação precisa arrumar a casa.

-Suas transações comerciais eram cheias de lisura. Não pagava a ninguém porque estava sempre liso.

- Deixa como tá! Se certas consciências pesassem, a Terra já teria caído de sua órbita.

Animado, poucos meses depois mandou outra leva de frases, mais caprichadas ainda. E não foi que ele ganhou dose dupla.[2]

Eis os aforismos:

- A derrota de Maluf é uma bola de Neves.

- Bom tempo o do “quem não tem cão caça com gato”. Hoje tem muita gente caçando com rato.

- O problema é que não lembro de tomar o remédio pra memória…

- Se tem gente investindo no caos? Ora, o céu do diabo é o inferno.

- Na Matemática russa, os números à esquerda de zero são negativos ou positivos?

- Temporada de caça às bruxas é quando o governo, sob o pretexto de prender outras bruxas, solta as suas.

[1] Pasquim, 25 a 31/10/1984

[2] Pasquim, 3 a 9/01/1985.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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