Querida Leila
Aparece mais um pernambucano que emplacou uns “picles” n’O Pasquim.
O jornalista recifense Gilson Oliveira, como 99% dos brasileiros do sexo masculino, naquelas lonjuras dos anos 1980, era apaixonado por Leila Diniz. Outra qualidade sua era a verve que imprimia em seus textos.
Arriscou escrever uns picles e mandou pro Pasquim, assinando com um dos seus nomes artísticos: Gil Oliveira. Pois não é que seus textículos saíram na edição 800 do semanário[1], justamente a que trazia a Musa do Brasil na capa, pela segunda vez (a primeira foi no n° 22, em novembro de 1969)?
Eis as pérolas:
- Se este mel for autêntico, a abelha é falsificada.
- Tão orgulhoso que sempre coloca um ponto de exclamação após o próprio nome!
- Se Maluf for eleito, o Brasil terá um governo das arábias.
- O Sistema da Habitação precisa arrumar a casa.
-Suas transações comerciais eram cheias de lisura. Não pagava a ninguém porque estava sempre liso.
- Deixa como tá! Se certas consciências pesassem, a Terra já teria caído de sua órbita.
Animado, poucos meses depois mandou outra leva de frases, mais caprichadas ainda. E não foi que ele ganhou dose dupla.[2]
Eis os aforismos:
- A derrota de Maluf é uma bola de Neves.
- Bom tempo o do “quem não tem cão caça com gato”. Hoje tem muita gente caçando com rato.
- O problema é que não lembro de tomar o remédio pra memória…
- Se tem gente investindo no caos? Ora, o céu do diabo é o inferno.
- Na Matemática russa, os números à esquerda de zero são negativos ou positivos?
- Temporada de caça às bruxas é quando o governo, sob o pretexto de prender outras bruxas, solta as suas.
[1] Pasquim, 25 a 31/10/1984
[2] Pasquim, 3 a 9/01/1985.