PROVOCAÇÃO
Se a passeata de sábado (29/05/21) no Recife, pela vacina e contra Bolsonaro, seguia pacífica, qual a razão de ser atacada pela PM?
E se a ação truculenta foi feita à revelia do governador, como ele deu a entender ao mandar afastar o comandante da operação e apurar os fatos, quem deu a ordem?
A única resposta possível é: foi um ato de provocação.
É mais um episódio de uma perigosa tendência das PMs, Brasil a fora: agir por motivação ideológica, em atos que ensaiam uma insubordinação atentatória à Democracia.
Todos os democratas devem externar seu repúdio e o governador não pode contemporizar, sob pena de perder o controle da PM.
ATUALIZAÇÃO em 31 de maio de 2021
Escrevi essa pequena nota, no calor dos fatos e premido pelo tempo que estou dedicando a um trabalho. Recebi vários comentários por e-mail que enriquecem e complementam a rápida análise. (Vários leitores expressam a dificuldade de comentar aqui. Como estou do outro lado do balcão, não sei o que se passa. Se a coordenação do Medium por acaso me ler agora, é bom que saiba dessa dificuldade, reiteradamente manifestada.)
Um comentário, cujo autor não me autorizou a publicá-lo, mas que o faço preservando seu nome, pela importância das ponderações), realça o papel de vítima do governador com essa armação da PM, com o que concordo. E enquadra a ação aparentemente intempestiva dos policiais num quadro mais vasto de articulação. Disse ele:
Não é difícil compreender que o governador não tem história pessoal de quem comandaria uma operação como aquela. Até contraria seu interesse imediato.
Nem ele nem ninguém do seu círculo faria isso pelas razões citadas antes, mas também por não serem estúpidos.
Os democratas estamos obrigados a jamais perder de vistas que estamos em uma guerra. O bolsonarismo não é uma ideologia, mas uma estratégia de assalto ao poder. Eles cooptaram este setor da sociedade (PMs) prometendo o maná: vantagens salariais, armamento fácil e impunidade. Nenhum governo tem condições de apresentar vantagens mais atrativas.
Temos um inimigo e este é o fascismo.
Outros comentários exemplificam o posicionamento crescentemente ideológico das PMs em todo o Brasil (recentes casos da Bahia e do Ceará, todos de Estados governados por opositores a Bolsonaro, incluindo Pernambuco), como exemplos dessa ação desestabilizadora da Democracia pelo aparato policial. Lembro ainda a chacina do Jacarezinho (pela Polícia Civil do Rio), em desacato a uma ordem do Supremo Tribunal Federal.
