Os culpados deixaram as digitais
Uma pequena cronologia ajuda a entender como a pandemia chegou à atual situação em Manaus.
Juntem os pontos:
1ª ONDA
No dia 21 de março do ano passado, no início da pandemia, o Amazonas registrou 425 mortes e o governador ordenou o fechamento de bares e restaurantes como medida para tentar conter a propagação do coronavírus.
No dia 27, os empresários mobilizaram uma carreata contra a medida e receberam o apoio público, por meio de uma chamada de vídeo, do presidente Jair Bolsonaro.
Menos de um mês depois (20 de abril), Manaus começou a abrir valas comuns no maior cemitério da cidade.
No dia 24, ocorreu um colapso hospitalar e funerário. Cadáveres eram amontados, os necrotérios passaram a não suportar mais o aumento da demanda e foram instalados contêineres de refrigeração do lado de fora dos hospitais. As imagens correram o mundo.
No dia 25 de dezembro, governador ordenou a paralisação dos serviços não essenciais, na tentativa de evitar um novo colapso, de proporções maiores, conforme previsões alarmantes dos profissionais de saúde pública.
No dia 26, novamente os empresários e outros apoiadores de Bolsonaro se insurgiram e realizaram grandes manifestações contra o fechamento do comércio. Pressionado, o governador voltou atrás nas medidas. Naquela data, 195.806 pessoas haviam sido infectadas no Estado e os mortos somavam 5.161.
2ª ONDA
Desde fins de 2020, profissionais de saúde pública alertaram para a catástrofe anunciada.
Em 12 de janeiro de 2021, quando vieram à tona as mortes por asfixia devido à falta de oxigênio hospitalar, o governador decretou toque de recolher.
Em 14 de janeiro de 2021, um total de 235 pacientes foram transferidos para outros Estados..
O Globo on line de 18 de janeiro noticiou: “Governo Bolsonaro sabia de ‘iminente colapso’ no Amazonas 10 dias antes de crise estourar”.
Em 19 de janeiro, o número de mortes no Amazonas estava em 6.450.
SABOTAGEM
Em paralelo a esses fatos, o presidente sabotou o quanto pôde o combate à covid-19, conforme é de amplo conhecimento: minimizou a doença (gripezinha), incentivou aglomerações sem máscaras, receitou cloroquina até para as emas do palácio. Trocou dois médicos no Ministério da Saúde e nomeou um general obediente. Nos últimos meses, o governo não apenas não quis coordenar um plano (que plano?) de emergência nacional (sob o argumento mentiroso de ter sido impedido pelo STF), como dedicou-se a implantar o caos, retardando por todos os meios a vacinação geral e descuidando de providências como a compra de seringas e dos insumos da vacina etc. etc.