Oposição reativa
O país afunda no caos e a esquerda assiste inerte à banda passar tocando o repertório do neoliberalismo selvagem.
É estarrecedora a postura da oposição de esquerda (sobretudo o PT, mais organizado e com maior peso político) diante da anunciada desconstrução do País. Limita-se a escaramuças no Congresso e a ingênuas reações apressadas ao poder de fogo dos vários grupos que compõem o governo nas redes sociais. Por incompetência, o governo instalou o caos. Por ideologia, destrói sistematicamente direitos sociais e o patrimônio estratégico nacional. As conquistas trabalhistas foram pras cucuias e ficou por isso mesmo. A Previdência segue no mesmo caminho.
Cadê as análises consistentes sobre a situação? Cadê a voz das ruas? Cadê as organizações sociais? Isso não virá espontaneamente.
Do alto da minha insignificância, percebo a necessidade de um programa emergencial alternativo a ser proposto à Nação, explicado de forma inteligível, com o uso do espaço televisivo dos partidos e das redes sociais; a busca urgente da unidade possível, em torno desse programa; a organização de ações de rua, com calendários e objetivos definidos; a ocupação profissional das redes sociais (não para o uso de fake news, como fazem as forças governistas, mas para unificar e potencializar as mensagens) etc. etc. etc. Enfim, sem ação pensada e coordenada, a oposição de esquerda continuará assistindo à banda neoliberal passar de braços cruzados, resmungando.
Provavelmente, todo mundo com um mínimo de discernimento sabe disso. E aí? Ninguém faz nada? Não estou me referindo às militâncias, necessitadas de orientação e que caem facilmente na armadilha de trocar insultos com os bolsonaristas. Essa postura de “eu avisei” e “faz arminha agora” é equivocada e ineficiente. É preciso falar para o grosso da população, onde está muita gente que votou em Bolsonaro e não é reacionária e muito menos fascista. Fora disso, é chover no molhado. A orientação tem de partir das cabeças pensantes, das direções partidárias. Que me desculpem, mas elas estão se comportando como um espelho em escala menor dos desencontros e incompetências do governo.
PS. Sei que não sou nenhum influencer, nem tenho representatividade. Mas estou fazendo o que posso. E doido pra voltar ao meu tema predileto, literatura. Mas tá difícil, diante desses tempos sombrios.