O rio da memória que passou em minha vida
Com 20 e poucos anos, conheci a personalidade gentil de Paulinho da Viola, no Recife.
Era começo dos anos 70. Paulinho da Viola se apresentaria no Nosso Teatro (Teatro Valdemar de Oliveira), Recife.
Eu liso. Mas trabalhava numa rádio e tinha carteirinha de redator. Pouco antes do show, cheguei na entrada lateral do teatro, mostrei a carteirinha e disse ao vigia que queria falar com Paulinho. Funcionou. Fui até o camarim: com sua turma, espalhada por ali, ele estava estirado no chão, numa espécie de relaxamento. Falei: “Paulinho, tô a fim de assistir ao show, mas tô sem dinheiro”. Ele disse que não era problema, então completei: “Eu e minha namorada. Ela mora aqui pertinho”. Ele chamou alguém: “Vai lá na portaria e avisa que esse garoto é meu”.
Agradeci e saí correndo até a Rua das Ninfas, onde Marinês me esperava. Corremos de volta e me reapresentei ao porteiro: “Sou o garoto do Paulinho”. E assistimos a uma apresentação emocionante. Ficou no rio da memória que passou em minha vida.