A pergunta que Bonner não fez a Lula

O âncora se eximiu de fazer uma pergunta lógica e incontornável, adiando-a por uns 50 anos.

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readAug 26, 2022
A sabatina começou quente, levantando o tema da corrupção nos governos do PT (Foto: Reprodução Internet)

A entrevista de Luiz Inácio da Silva — Lula, ao Jornal Nacional de ontem (25/8), começou abordando o tema mais esperado e impactante — a corrupção -, com a seguinte fala do âncora William Bonner:

“O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o juiz Sérgio Moro parcial, anulou a condenação no caso do triplex e anulou também outras ações por ter considerado a vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça”.

Em seguida, o apresentador fez uma pergunta irrelevante sobre como Lula iria convencer os eleitores de que os escândalos não vão se repetir.

Levando em conta o papel exercido pela Globo durante a Lava Jato (a cobertura acrítica, que na verdade foi uma parceria, funcionando como assessoria de imprensa de Sérgio Moro, criando dele a imagem de um herói justiceiro intocável e dedicando milhares de segundos às acusações que construíram dia a dia, milímetro a milímetro a imagem negativa de Lula como ladrão, exaustivamente manejada por Bolsonaro até hoje e amanhã), a pergunta lógica e incontornável deveria ser:

- O senhor nos perdoa?

Mas Bonner se omitiu, dentro da estratégia da emissora de pedir desculpas 50 anos depois, como aconteceu com o seu apoio irrestrito ao golpe de 1964.

Lula não deixou passar em branco ao afirmar que foi massacrado e somente agora estava tendo direito de se defender diante dos milhões de espectadores da Rede Globo.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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