O Brasil infectado

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readOct 8, 2022

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Desde 2013, o vírus da extrema direita cristã, que assola países como EUA e Hungria, infestou o país e emergiu nessas eleições.

Fanatismo ridículo, mas sério: valores conservadores reacionários foram introjetados na população

Por Ronilso Pacheco, teólogo e pastor batista no Rio.

Trechos:

Não adianta mais discutir os evangélicos nessa eleição. Não é mais sobre eles que devemos nos debruçar — é sobre a consolidação do nacionalismo cristão reacionário, que emergiu como ideologia política da extrema direita global, descolada do fascismo tradicional. É nesse movimento que o Brasil está.

É saber o que não foi visto.

Mesmo a categoria “evangélicos”, hoje tão em voga, custou a ser uma “variável” levada a sério e, quando passou a ser, suas atitudes e anseios eram resumidos basicamente à “pauta moral”, à “ausência do estado” e à “influência das lideranças evangélicas midiáticas”. No máximo, admitia-se: “evangélicos não são um grupo monolítico”.

Enquanto isso, a extrema direita no Brasil ascendeu sem ser citada, debatida em rede nacional ou sequer entrevistada. Sem profundidade — não por incompetência, mas pela limitação imposta por um tema complexo do qual se sabia pouco ou nada –, os analistas se ativeram ao trivial.

A vitória de Bolsonaro em 2018 inseriu o Brasil institucionalmente em uma articulação global de extrema direita “amenizada”, com foco na família e nos valores cristãos conservadores, inspirado no nacionalismo cristão dos Estados Unidos como ideologia política.

O “espírito” foi soprado antes — e há lavajatismo e antipetismo aqui. Com “espírito”, eu me refiro ao pano de fundo do contexto no qual chegamos, que quase nunca é evocado por analistas e comentaristas. A “nova geração” de jovens de direita que surgia e se articulava ainda durante o primeiro mandato de Lula, reivindicando o neoliberalismo e, ainda, um ultraliberalismo para a política econômica brasileira foi o movimento incipiente desta reação.

Obviamente, nada se resumia à economia, mas à insatisfação de um plano de governo que abria os “espaços privilegiados” do país para as classes populares. Este ressentimento esperou, concentrado, até que o escândalo do mensalão e a adesão à operação Lava Jato por grande parte da classe média brasileira desse nova tração à hostilidade que se transformou em antipetismo.

Assim, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, com direito a votação de parlamentar homenageando torturador da ditadura militar, abriu de vez o caminho para a radicalização de extrema direita, que se considerava contrária à “velha política”. Uma extrema direita ultraliberal que encontrou uma extrema direita religiosa, dando o caldo para o movimento que nos colocou no meio do lamaceiro.

Tem que se conversar com e para a sociedade e desarmar esse arcabouço ideológico, desfazer a captura do sentido da vida pela extrema direita. Enquanto ideologia, o nacionalismo cristão nem de longe está circunscrito aos evangélicos. Não é religião. É política, a pior delas.

A íntegra do artigo está aqui:

theintercept.com/2022/10/07/conversar-com-os-evangelicos-nao-surtira-efeito-agora/?fbclid=IwAR3zrTChqgwEINLnFPk45f1eqyLQQFEPyim-f7uIO9JPwaRIeYcPPX9lGcM

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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