Mortes no Rio
As investigações das mortes dos três médicos na orla de Barra da Tijuca, semana passada, e de Marielle Franco, no Centro, há cinco anos, apresentam resultados espantosos.
À uma hora da madrugada do dia 5 deste outubro, os médicos Marcos Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf Bomfim (irmão da deputada federal Sâmia Bonfim, do Psol-SP), foram assassinados num quiosque à beira-mar da Barra da Tijuca, no Rio. O crime, como não podia deixar de ser, teve grande repercussão. E, como não seria de se esperar, foi desvendado pela polícia carioca em menos de 12 horas. Traficantes mataram-nos por engano, supondo estar entre eles um miliciano rival. E por sua vez foram executados em “queima de arquivo”.
Ponto final.
O assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, juntamente com o motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018, provocou comoção pública. Desde então, três acusados da execução estão presos: os PMs reformados Ronnie Lessa e Élcio Queiroz (presos em março de 2019) e o ex-bombeiro militar Maxwell Simões, preso em julho deste ano). Outros cinco investigados foram mortos nesse período. Já se passaram 5 anos, 6 meses e 27 dias desde o crime. E cadê os mandantes?
Longas, longuíssimas reticências.
Por que num caso houve uma espantosa investigação-relâmpago e no outro uma operação-tartaruga?
Qualquer observador isento e não-ingênuo concluirá que o assassínio de Marielle (crime político) envolve altos interesses e personagens nas cúpulas políticas e policiais-militares do Rio e, quiçá, de Brasília. Sabe-se que o ex-sargento Ronnie Lessa era vizinho de Jair Bolsonaro e uma filha sua namorou Renan (o caçula do clã Bolsonaro). Como deputado federal, Jair homenageou figuras exponentes das milícias, como o capitão Adriano Nóbrega, citado no inquérito. Ele foi “queimado” no interior da Bahia. A mãe e a ex-esposa de Adriano ocuparam cargos comissionados no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e dividiam os salários com o patrão (caso das rachadinhas). A fita de gravações telefônicas da portaria do condomínio onde residiam Jair e Ronnie foi levada no mesmo dia do crime por ordem de Flávio Bolsonaro e… sumiu. E por aí vai.
Chamem Sherlock Holmes!