Morte às mulheres, viva à fome!

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
1 min readDec 1, 2022

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Cartaz aparentemente insano portado por mulher em manifestação direitista contém uma lógica implacável.

Aconteceu (infelizmente) no Recife, em 2015. Mas a foto é atualíssima. (Reprodução da internet)

Anda circulando a imagem de uma mulher segurando um cartaz, onde se lê: “Feminicídio, sim! Fomenicídio, não!”

Trocando em miúdos: “matem-se mulheres, não se mate a fome”.

A foto é de 2015, mas a cena caberia perfeitamente nas atuais manifestações golpistas às portas dos quartéis.

À parte alguma intenção de humor (macabro), há no cartaz ingredientes típicos do fascismo: irracionalidade, fanatismo, ódio e culto à morte. Mas há também uma lógica, a terrível lógica da exclusão.

A mulher que defende o feminicídio acredita que ela nunca será uma vítima, pois está ao lado dos “homens de bem”. As vítimas serão as outras — as feministas, as petistas, as comunistas. Então, matar (essas) mulheres pode.

Já “fomenicídio”, não. A fome não existe, como garantiu Bolsonaro. E, se existe, está entre “eles”: os pobres, os negros, os índios. Que são pobres porque são preguiçosos, querem viver mamando nas tetas do governo (com dinheiro “nosso”, dos impostos que sonegamos, ops!). Portanto, nada de “fomenicídio”, ou seja, políticas públicas contra a fome. Neoliberalismo em estado puro.

Há menos loucura nas manifestações fascistas do que imagina nossa vã filosofia.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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