Morte às mulheres, viva à fome!
Cartaz aparentemente insano portado por mulher em manifestação direitista contém uma lógica implacável.
Anda circulando a imagem de uma mulher segurando um cartaz, onde se lê: “Feminicídio, sim! Fomenicídio, não!”
Trocando em miúdos: “matem-se mulheres, não se mate a fome”.
A foto é de 2015, mas a cena caberia perfeitamente nas atuais manifestações golpistas às portas dos quartéis.
À parte alguma intenção de humor (macabro), há no cartaz ingredientes típicos do fascismo: irracionalidade, fanatismo, ódio e culto à morte. Mas há também uma lógica, a terrível lógica da exclusão.
A mulher que defende o feminicídio acredita que ela nunca será uma vítima, pois está ao lado dos “homens de bem”. As vítimas serão as outras — as feministas, as petistas, as comunistas. Então, matar (essas) mulheres pode.
Já “fomenicídio”, não. A fome não existe, como garantiu Bolsonaro. E, se existe, está entre “eles”: os pobres, os negros, os índios. Que são pobres porque são preguiçosos, querem viver mamando nas tetas do governo (com dinheiro “nosso”, dos impostos que sonegamos, ops!). Portanto, nada de “fomenicídio”, ou seja, políticas públicas contra a fome. Neoliberalismo em estado puro.
Há menos loucura nas manifestações fascistas do que imagina nossa vã filosofia.