A Bela e o Fera
Ela era a mais linda do colégio. Ele parecia o general Castelo Branco de chuteiras. E se…
Por uma dessas associações de ideia meio esquisitas, ao ler um excelente artigo do professor Flávio Brayner, sobre uma moça tão perfeita que poderia ser a prova estética da existência de Deus, lembrei de uma historinha que testemunhei lá na esquina remota da adolescência.
Ei-la:
Anos 60, em Caruaru. Abel era feio, sem pescoço, parecia o general Castelo Branco, sendo sarará. Apaixonado por Graça, que fazia jus ao nome: a menina mais bonita do colégio, que naturalmente o ignorava solenemente.
Apenas uma vez ao ano, ela o notava: nos Jogos Estudantis. Ele era o fera do time de futebol. E Graça gritava seu nome em uníssono com a torcida. Depois, silêncio e indiferença abissais.
Um dia perguntaram a Abel: “Se Graça topasse ir contigo, o que tu fazia?” E ele: “Me ajoelhava nos pés da cama e chorava a noite todinha.” Poucos versos em toda a poesia romântica se igualam a esse!
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P.S. Mudei o título, a chamada e o primeiro parágrafo da 1ª versão, porque estava um pouco desconjuntada. A historinha é a mesma.