Mercado = Dinheiro + Poder
A grita do “mercado” contra o discurso de Lula sobre teto de gastos e política social no fundo não é uma questão econômica, mas política, de poder.
O discurso de Lula no grupo de transição arrepiou o mercado. É o que a mídia está martelando.
Em primeiro lugar, esclareça-se: a mídia é porta-voz incondicional do mercado.
Em segundo: ela se refere ao mercado financeiro, como indicam o discurso dos comentaristas e a escolha dos entrevistados.
E o que é o mercado financeiro? A turma que ganha dinheiro com dinheiro (investidores físicos ou pessoas jurídicas, gente que vive de renda, os rentistas). O dinheiro que eles movimentam em bolsas de valores ou fora delas pouco ou nada tem a ver com a produção real. É puro cassino, jogatina. Por isso, são chamados parasitas. Portanto, quando mídia crava “Mercado reage mal ao discurso de Lula” está se referindo a essa turma, em boa parte concentrada na famosa Avenida Faria Lima, em São Paulo.
A ideologia deles é o neoliberalismo, isto é, o liberalismo sem freios. Um liberalismo caolho que só vê o micro — ganhar dinheiro — e não enxerga o macro, o ambiente social: desigualdade de renda, pobreza e miséria.
Em seu discurso, Lula contrariou o discurso neoliberal, ao criticar o teto de gastos — para pagar o Bolsa Família e dar aumento real ao salário-mínimo -, embora ressaltando responsabilidade fiscal. O mundo veio abaixo, segundo a mídia.
Ora, até parece que eles não sabem que Lula nada tem contra o capitalismo. Em seus governos, os capitalistas lucraram tanto como em qualquer época. Apenas Lula direcionou uma laminha da renda nacional para os mais pobres.
Portanto, a guerra de narrativas não é econômica, mas política. Há um momento em que os ricos continuam se esforçando para ganhar dinheiro, embora não precisem de mais dinheiro. Por que? Vício? Nonada. É que o dinheiro compra poder. Quanto mais rico, mais poderoso (isso até um eremita sabe).
Portanto, a grita do “mercado” é por poder. Daí a exigência de que seja indicado logo o ministro da Fazenda. Querem que seja um deles. E mostrar quem é que manda.
A queda de braço segue em frente.