Me xingaram de intelectual
E eu nem sou intelectual estrito senso. No máximo — e olhe lá — lato senso.
Fiz um comentário sobre a tremenda repercussão do filme “Barbie”. Um pouco ranzinza e bem curtinho, como exige o Instagram.
A nota era essencialmente uma crítica à manipulação das massas pelo marketing da indústria cultural.
Dizia:
Festival de Futilidade. Lamentável exemplo da infantilização da sociedade promovida pela indústria cultural. PS.1: Eles e elas têm todo direito de vestir o que quiserem, onde quiserem. PS.2: Eu tenho direito de expressar minha opinião. PS.: Quem divergir, venha para o campo das ideias. Julgamento e ataque pessoal não merecem ser considerados.
Para minha modesta bitola de recepção, causou certo alvoroço, incluindo alguns xingamentos: velho, vovô, tio e intelectual. Os três primeiros apenas confirmam a infantilização das hostes róseas. O último é sinal dos tempos. Sempre houve certo ressentimento das pessoas pragmáticas e pouco reconhecidas contra os intelectuais (lato senso). Mas só xingavam quando bêbados.
Agora, com a ideológica intenção de destruir todo pensamento crítico, inclusive na proposta de “novo ensino médio”, a manada destravou a língua: intelectual é xingamento oficial.