Manu no vendaval da vida

Ela é um pingo de gente, porém mais parece um ciclone tropical.

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readMar 18, 2024

O dia amanhecera atrasado e a mãe, alterada.

– Manu, levanta que a van da escolinha já já chega.

– Manu, lava o rosto e escova os dentes.

– Manu, penteia esse cabelo arrepiado.

– Manu, veste logo a farda.

– Manu, vem comer teu cereal.

– Manu, corre e pega a mochila.

Manu isso. Manu aquilo.

Ela se arrastava, mole de sono e preguiça, cumprindo as ordens maternas sem o menor entusiasmo. Então:

­– MANU, FAZ O QUE TÔ MANDANDO, SENÃO…

A menina, do alto dos seus cinco aninhos bem vividos, encara a mãe e, com as mãos espalmadas para baixo, no clássico gesto de mandar o interlocutor se moderar, ironiza:

– Calma, calma. Isso tá parecendo um assalto!

Essa é a mesma Manu que um dia, vendo chegar arfando da rua o pai de 110 quilos, dirige-se a ele com a voz mais persuasiva possível:

– Pai, você já se imaginou magro?

A mesma que, sem mais nem menos, proclamou como se falasse consigo mesma:

– A gente não pode se apaixonar por qualquer pessoa.

Pai e mãe se entreolham, atônitos. Ela se apressa em explicar:

– Porque se a gente se casa com alguém e depois vê que é um bandido… Vai ter de devolver o anel.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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