Liberdade de imprensa

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readJul 13, 2019

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A mídia corporativa brasileira não pratica o jornalismo. E desdenha do direito do público à informação. O resto é propaganda (comercial e política).

Precisamos conversar sobre isso: há quase duas décadas, a grande imprensa deixou de praticar o jornalismo. Só serve para veicular propaganda (comercial, dos seus anunciantes; e política, das ideias dos seus donos). É só opinião e pouquíssima informação. Uma ou outra notícia fora da curva visa dar aparência de imparcialidade (tipo uma no cravo e dez na ferradura). Afinal, o leitor-espectador ainda tem valor estatístico para balizar as tabelas de publicidade.

A Rede Globo, fonte principal de informação de milhões de brasileiros, manipula descaradamente a audiência desde sua fundação nos anos 1960, apoiando e sendo apoiada pelo regime militar então vigente. Sozinha, não tem poder absoluto, mas quando atua em uníssono com o resto da mídia, sua influência é avassaladora.

Toda a mídia corporativa colaborou (o que é diferente de cobrir jornalisticamente) com a Operação Lava Jato, jamais questionando as evidentes arbitrariedades da força tarefa e seu coordenador, Sérgio Moro. Apoiou ativamente (o que é diferente de noticiar) os protestos perfumados contra Dilma e participou de forma decisiva da campanha pela sua deposição.

Jornalões e redes de tevê descartaram qualquer pretensão ao jornalismo investigativo e limitam-se a difundir o discurso do poder. Maior exemplo: a reforma da previdência, onde só saem matérias a favor, sem debate, sem contraditório.

Um exemplo revelador: onde está Queiroz? Os “jornalistas” não se empenham em procurar o personagem central de um escândalo que abala os pilares do governo. Não cobram das forças de segurança sua localização. Também não perguntam por que a justiça não determinou sua condução coercitiva. Muito menos investigam a suspeitíssima movimentação financeira do ex-policial assessor e amigo dos Bolsonaro.

Isso não é jornalismo.

Liberdade de imprensa, nessa realidade, é apenas uma figura de retórica: é a permissão de os donos dos meios de comunicação fazerem o que querem, em defesa de seus interesses e em função de sua ideologia.

Quanto ao direito do público à informação, os barões da imprensa estão se lixando.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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