Galanteios
Velho, com a libido em baixa, virei um galanteador. É gratificante receber de volta um “obrigada”, acompanhado de um sorriso de surpresa e lisonja. E, claro, há um lado narcísico nesse exercício de sedução platônica.
Esse esporte, porém, tem seus riscos, nessa época de abusos e contra-abusos ásperos. O segredo está na dose, no tom e na ocasião. Como em tudo na vida, às vezes erro. Mas isso contarei depois. A maioria funciona bem.
Dias desses foi aniversário de Denize, madrinha de Iracema. Ela é uma senhorinha adorável. Liguei para dar os parabéns. Ela atendeu com a voz débil, pausada, com suspiros de cansaço. Após a fala convencional, tasquei:
- Denize, se nós fôssemos jovens e por acaso Iracema me deixasse, eu queria ter uma conversa com você.
A voz dela rejuvenesceu anos.