Estratégia virótica
Elites fazem carreatas pelo fim da quarentena. Sem qualquer ajuda do governo e premidos pelo desespero, pobres apoiarão.
1 — Governo não mexe uma palha para amparar os pobres nessa pandemia (ajuda ridícula prometida por Guedes não saiu do papel). Pobre não tem poupança e não aguenta quarentena sem doação monetária do governo (como farão EUA e Reino Unido, baluartes do capitalismo).
2 — Ministério da Saúde, em aparente contradição, recomenda quarentena (e agrada as parcelas das classes médias que podem sobreviver ao isolamento e, como ouvi de um bolsonarista, “fica com o rabo no sofá pedindo delivery”).
3 — Bolsonaro endurece e prega o liberou geral, atendendo aos interesses empresariais.
4 — Elites começam a se mobilizar e promovem carreatas (Camboriú, Colatina), que logo se espalharão. E serão apoiadas pelos pobres que, presos em casa, não têm como sobreviver uma semana a uma calamidade.
Em que isso vai dar? Não sei. Reflitam. Como as esquerdas não conseguiram PROPOR nada até agora (por exemplo: apresentar um programa alternativo e costurar alianças ao centro para aprovar medidas concretas, como a do senador Wellington Roberto (PL-PB) [1], é possível que o governo vença politicamente a batalha. O povo, mais uma vez, pagará o pato.
Há uma estratégia de blindar as empresas e tirar do próprio povo os recursos (saques do FGTS, redução de salários) para bancar a crise.
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[1] O texto autoriza o governo a tomar os empréstimos compulsórios de empresas com patrimônio líquido de ao menos R$ 1 bilhão. O limite dos empréstimos compulsórios seria de 10% do lucro líquido dos 12 meses anteriores à publicação da lei. O governo teria 4 anos para restituir os recursos e poderia fazê-lo em até 12 parcelas mensais. Seria aplicada a Selic para corrigir o valor da dívida. Fonte Poder 360: https://www.poder360.com.br/congresso/centrao-quer-urgencia-para-obrigar-firmas-a-emprestar-ate-r-50-bi-ao-governo/