“Este filme é um não-filme”

Horacio Fuentes, roteirista de Esperando Godard, que está fazendo furor entre os cinéfilos.

Nesta 2ª parte da postagem O Melhor Filme do Mundo, trago, como prometido, os principais trechos da entrevista exclusiva com o roteirista mexicano Horacio Fuentes:.

Pergunta: Não foi fácil descobrir você porque, como o filme não tem som, nem imagem, consequentemente não tem créditos. Mas vamos ao que interessa: sua intenção era essa: ficar no anonimato tumultuando o modorrento ambiente cinematográfico mundial?

Horacio Fuentes: Minha intenção foi exatamente essa, porém muito mais que isso. Sempre me opus ao cinema industrial de Roliúde e, na outra ponta, também ao cinema covarde das pseudovanguardas atuais. Então veio o Oscar para o coreano Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, numa tentativa patética dos bosses da indústria audiovisual de parecerem antenados com a contemporaneidade.

P: O que tem o filme coreano com seu não-filme?

HF: Primeiro, parabenizo sua perspicácia. Esperando Godard é essencialmente um não-filme, o primeiro não-filme da história do cinema. Com ele abro aos pontapés a porta do mundo pós-pós-moderno. Agora, relação com o filme coreano, com a obra em si, nenhuma. Com o Oscar para ele, me senti obrigado a radicalizar. Lembrei uma fala de Godard quando ele assistiu pela primeira vez a Hiroshima mon amou: “O primeiro filme sem nenhuma referência cinematográfica”. Então resolvi levar essa ideia ao limite, homenageando Mário Peixoto: fiz um filme contra a própria ideia de referências cinematográficas. Um cinema-conceitual.

Na próxima postagem, o roteiro do filme Esperando Godard, na íntegra.