Encontro em Vitória

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readNov 9, 2022

--

Professor faz trabalho de formiguinha, espalhando entre os estudantes as sementes do fundamental hábito de leitura.

Participei do “Encontro com Escritores”, realizado por Marcelo Batalha, no Teatro Silogeu, do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão. Esse professor de ensino médio é um desses apóstolos da Literatura espalhados pelo Brasil, que fazem toda a diferença. Houvesse mais deles, teríamos mais jovens interessados na leitura, atividade fundamental para a ampliação do conhecimento.

Seu programa, transmitido pelo Youtube e Facebook, já vai em sua 139ª edição, com a frequência absurda de três vezes por semana, sem qualquer patrocínio oficial ou privado, exceto uma pequena ajuda da Prefeitura de Vitória de Santo Antão, que paga a transmissão quando o evento é (ocasionalmente) presencial e também arca com o transporte dos alunos levados a participar como atividade extraclasse. Normalmente, tudo é feito via internet (lives), cabendo a Marcelo a produção, direção e apresentação dos encontros, praticamente sozinho, como uma espécie de homem-orquestra.

É sempre gratificante ir a esse tipo de programa, embora dificultoso. Explico: o hábito da leitura é muito reduzido entre os jovens, especialmente os alunos de escola pública que, comumente, não têm o exemplo em seus lares proletários. Basicamente (me esforçando por usar uma linguagem acessível) tentei passar para a moçada a ideia de que a leitura é a malhação do cérebro, fazendo uma analogia bem didática com os exercícios físicos: é preciso praticá-los para desenvolver o corpo, assim como ler para desenvolver a cuca, as ideias, a linguagem, o conhecimento enfim.

Conforme combinamos, Marcelo fizera leitura em aula do livro Tarcísio Pereira — Todos os livros do mundo, de modo que os estudantes não estavam completamente alheios do assunto. Eles se comportaram bem — um ou outro com ar debochado e postura relaxadamente desafiante, exercendo sua adolescência — e três subiram ao palco para fazer perguntas lidas. Se esses três e mais alguns se tornarem um dia leitores, o mérito terá sido de Marcelo, o Batalhador.

O melhor da viagem foi a volta, com Marcelo, sua esposa — Rúbia, também professora — e a filha Vitória, de 16 anos — inteligente e bem articulada, que vinham assistir ao show de Lenine e Spok Frevo Orquestra no Teatro Guararapes. Conversa pra lá de agradável. E a constatação: Vitória é uma adolescente que tem em casa, além do afeto, o privilégio do incentivo à leitura. Salvem Marcelo e família!

Quem não viu a transmissão ao vivo e tiver interesse em ver/ouvir a conversa, aqui vai o elo (link):

www.youtube.com/watch?v=Z01NEJ5Iim0

--

--

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
BLOGUE DE HOMERO FONSECA

Written by BLOGUE DE HOMERO FONSECA

Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

No responses yet