De repente, Chico Buarque
Que me perdoem os bebuns, mas aqui está uma prova inconteste dos malefícios do álcool.
Um amigo meu, escritor e músico, conta um encontro raro que ele teve no Leblon, nos inacreditáveis anos 70.
– Cara, fui a um barzinho com um amigo. E lá estava ele, sozinho, a uma mesa, fumando e tomando seu uísque. Chico Buarque em pessoa, já famoso, mas ainda podendo circular como qualquer um na noite carioca. Meu amigo conhecia ele, me apresentou e ele chamou para sentarmos à mesa. Uma ou duas horas depois, meu amigo teve de sair. Eu e Chico ficamos testa a testa, num papo legal até o sol raiar. Nunca mais me aconteceu algo parecido, cara.
– Puxa! E a conversa fluiu?
– Se fluiu… Parecia que a gente era amigo de infância. Foi uma noite mágica.
– Que história! E o que tu e Chico Buarque, com essa confluência — os dois músicos e escritores — conversaram a noite toda?
– Sei lá, cara. Quando acordei no outro dia, eu tinha esquecido tudo.