Cinema e literatura: relação intrincada
O que há de comum e de avesso entre o romance brasileiro “Roliúde” e o filme americano “Relatos do Mundo”?
Em Relatos do Mundo (Netflix, 2020), longa-metragem baseado no romance homônimo de Paulette Jiles, Tom Hanks interpreta o capitão Jefferson Kyle Kidd, um veterano da Guerra Civil americana, que trabalha viajando por diversas cidades pequenas dos Estados Unidos lendo notícias para os moradores.
Já o romance Roliúde (Record, 2007) conta as aventuras de Severino Ramos Soares da Silva (o Bibiu), cujo ganha-pão é vagabundear pelas cidades do Nordeste contando a sua versão dos enredos de clássicos de Hollywood em linguagem adaptada à sua plateia, ou seja, em nordestinês castiço.
Tanto o capitão Kidd quanto Bibiu são nômades e vivem de contar histórias. Muda porém o registro: o filme de Paul Greengrass (o Paulo Grama Verde) é dramático, enquanto o romance de Homero Fonseca é do gênero picaresco, uma das vertentes do humor.
Um é cinema nascido da literatura. O outro, literatura nascida do cinema.
Perguntas: a arte imita a vida ou a vida imita a arte? O cinema derivou da literatura ou a literatura antecipou recursos do cinema? Homero, o autêntico, usa técnicas narrativas que o cinema desenvolveria, como o suspense, o traveling e o flash back.