Cena sobre duas rodas
Como um quase atropelamento terminou numa cena bonita de se ver.
Depois de décadas motorizado, estou curtindo as delícias de andar a pé. Vejo melhor a paisagem, interajo com mais gente. Cheguei à conclusão de que andar de automóvel desumaniza.
Como li no blogue Massa Crítica, de ciclistas de Porto Alegre, os carros são “jaulas de metal e vidro, que nos isolam do mundo, desumanizando a relação com as pessoas ao nosso redor e nos dando a sensação de proteção, impunidade e — aliado a um motor de alta potência — poder”.
Qualquer dia aprofundo essa noção. O que queria mesmo contar era uma cena a que assisti ontem.
A moça esplêndida vinha de bicicleta numa transversal e embocou, imprudentemente, na avenida. Um carrão freia bem a tempo de evitar o atropelamento. E o que ela faz? Xinga o motorista? Mostra o dedo médio hirto? Nada disso. Ela deu uma guinada no guidom, pondo-se ao largo, e com um sorriso treloso manda um beijinho para o motorista.
Cena bonita de se ver, camaradas.