Cara & Coroa

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O velho senta sempre na entrada do bar, primeira mesa, virado para a rua. Sempre só, toma dois ou três conhaques, fuma quatro ou cinco cigarros, paga a conta e vai embora.

Chamam-no Sombra. Todos acham que o lugar eterno é rotina, mania.

Um dia, por curiosidade, perguntei-lhe por que ocupava aquele posto, quando a rua não tinha tanto movimento para olhar. Resposta:

— Este lugar é estratégico, meu jovem. Quando as moças entram, vejo as caras. Quando saem, vejo as bundas. Como vê, sou velho, mas não sou infenso à beleza.

E sorriu o sorriso das pequenas felicidades.

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BLOGUE DE HOMERO FONSECA
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Written by BLOGUE DE HOMERO FONSECA

Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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