BUNDAS
Há uma invasão de bundas gigantes em vertiginosos movimentos circulares nas redes sociais. O que isso significa? Uma nova libido, digital e frenética?
Criada em 1999, com remanescentes de O Pasquim — à frente Ziraldo — , a Bundas trazia o slogan : “Uma revista que é a cara do Brasil”.
Naquela época, de cultura machista acentuada, dizia-se que, enquanto nos EUA os seios avantajados integravam o sonho americano (Freud explica), nossa “preferência nacional” era a parte mais redonda e macia da anatomia feminina. Muitas mulheres embarcaram na onda, proclamando sua admiração por bundas de homens e até elegeram o craque Hulk (então na Seleção Brasileira, hoje no Atlético Mineiro) seu Muso absoluto.
De lá pra cá, o machismo arrefeceu um pouco, as feministas avançaram com estridência em suas conquistas e a bunda deixou o protagonismo nas nossas transcendentes discussões culturais.
Agora, as bundas voltaram com tudo nas redes sociais — principal meio de comunicação coletiva de uma imensa parcela da população. E com grande estardalhaço. Miríades de imagens de jovens calipígias exibem seus dotes nessas redes (o Thread então…).
Chamam a atenção: o tamanho felliniano, desproporcional, dos glúteos e os movimentos frenéticos das moças, a lembrar rotações de helicópteros, liquidificadores e parafuseiras.
Aparentemente, as alterações na sensibilidade devidas às novas tecnologias — apontadas por alguns estudiosos — estendem-se ao terreno da libido. A proliferação dessas imagens indica uma demanda. Deve haver gente que se excita vendo bundas gigantescas em giros alucinados, numa vertigem digital.
Alguém aí pode explicar com propriedade o fenômeno a um velho analógico?