“Ah Belinda”, uma comédia deliciosas
Não é erro de digitação, não; é no plural mesmo (delicioso o filme, deliciosa a atriz, Neslihan Atagül). Comédia turca melhor que o coreano que ganhou o Oscar.
Lançada em abril agora pela Netflix, “Ah, Belinda” é uma comédia turca deliciosas (delicioso o filme, deliciosa a atriz, Neslihan Atagül).
É a história de uma jovem atriz (Dilara) que aceita fazer um comercial de xampu e termina presa numa espécie de realidade paralela: ela não consegue sair do filmete e passa a viver a vida da personagem (Handan), que é o oposto dela.
Ela é um vulcão, resolvida existencial e sexualmente, profissional em ascensão e dona do seu nariz. A personagem do comercial é o contrário dela: submissa ao marido e à família, dois filhos terríveis, bancária e dona de casa.
Dilara luta furiosamente para sair daquele mundo cafona, se livrar das investidas do marido panaca e meloso e da sogra autoritária, termina internada numa instituição psiquiátrica. E descobre que por baixo daquela família típica há segredos escabrosos.
O tempo todo percebemos o choque entre as duas Turquias: a moderna, de Dilara, e a tradicional, de Handan.
O roteiro é engenhoso, a direção ágil (um pouco ágil demais em alguns momentos, na linha da estética frenética do cinema “jovem” contemporâneo, da qual o coreano que ganhou o Oscar este ano — “Tudo, em todo lugar” etc — é um exemplo mal sucedido) e a atuação de Heslihan Atül é soberba: ela aparece em todas as cenas do filme, esfuziante nas cenas de humor e densa nos momentos dramáticos.
Recomendo fortemente.