“Ah Belinda”, uma comédia deliciosas

Não é erro de digitação, não; é no plural mesmo (delicioso o filme, deliciosa a atriz, Neslihan Atagül). Comédia turca melhor que o coreano que ganhou o Oscar.

BLOGUE DE HOMERO FONSECA
2 min readMay 15, 2023
Neslihan Atül: personagem e atuação vulcânicas

Lançada em abril agora pela Netflix, “Ah, Belinda” é uma comédia turca deliciosas (delicioso o filme, deliciosa a atriz, Neslihan Atagül).

É a história de uma jovem atriz (Dilara) que aceita fazer um comercial de xampu e termina presa numa espécie de realidade paralela: ela não consegue sair do filmete e passa a viver a vida da personagem (Handan), que é o oposto dela.

Ela é um vulcão, resolvida existencial e sexualmente, profissional em ascensão e dona do seu nariz. A personagem do comercial é o contrário dela: submissa ao marido e à família, dois filhos terríveis, bancária e dona de casa.

Dilara luta furiosamente para sair daquele mundo cafona, se livrar das investidas do marido panaca e meloso e da sogra autoritária, termina internada numa instituição psiquiátrica. E descobre que por baixo daquela família típica há segredos escabrosos.

O tempo todo percebemos o choque entre as duas Turquias: a moderna, de Dilara, e a tradicional, de Handan.

O roteiro é engenhoso, a direção ágil (um pouco ágil demais em alguns momentos, na linha da estética frenética do cinema “jovem” contemporâneo, da qual o coreano que ganhou o Oscar este ano — “Tudo, em todo lugar” etc — é um exemplo mal sucedido) e a atuação de Heslihan Atül é soberba: ela aparece em todas as cenas do filme, esfuziante nas cenas de humor e densa nos momentos dramáticos.

Recomendo fortemente.

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Jornalista e escritor. Só sei que nada sei (Sócrates), mas desconfio de muita coisa (Riobaldo Tatarana).

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