À Dra. Carolina B., com estima e respeito.
Pense num susto. Entre as pessoas que leio no Twitter e com as quais tenho algumas boas afinidades estava a professora Carolina B., doutora em ciência política. Vez por outra curtia ou compartilhava suas opiniões sempre interessantes.
Foi o que fiz quando ela postou que duas instituições estavam a funcionar no Brasil: a ciência e o jornalismo. Comentei mais ou menos assim, em linguagem quase telegráfica para caber nos 140 toques do Twitter:
Professorinha: sobre o primeiro item, OK. Já a mídia tem omitido sistematicamente a esquerda, focando na disputa entre Direita Golpista (Bolso et caterva) e Direita Institucional (Moro et caterva). Globo x Record…
Pra minha surpresa, ela respondeu zangada pra caramba, tipo: professorinha é a puta que pariu, seu machinho… não sei que lá.
Tentei responder, na linguagem sinóptica do Twitter, algo assim:
Ave Maria! Só posso atribuir sua resposta ao estresse vigente. Tenho 73 anos e você é bem mais jovem. Não lhe passou pela cabeça que o diminutivo seja carinhoso e não uma ofensa? Veja: vez em quando dou likes em suas postagens. Um abraço cordial.
Descobri, desolado, que não podia mandar a mensagem, pois ela havia me bloqueado.
Juro que não mereço. Por Zeus, tenho todos os defeitos dos cabras da minha geração, mas me esforço bastante para vencer a herança de preconceitos e privilégios de nossa sociedade troncha.
Não estou pedindo desculpas, pois não me moveu nenhum ânimo ofensivo, nem pretendi intimidades. Mas desejo sinceramente esclarecer o mal entendido: na minha região (Nordeste) diminutivo é sinal de carinho: bichinho, mocinha, rapazinho, professorinha…
Já estou sendo esculhambado pela turma apressada de sempre: “macho escroto, esquerdista de sofá”, “esquerdomacho pedante” etc. Não me importo com esses xingamentos de quem não tem a menor ideia do que eu penso.
Mas estou triste por sido cortado pela Dra. Carolina. Me desbloqueie, por favor.
Se alguém aí ler esta nota e puder fazer a intriga do bem, fico agradecido. Saudações cordiais.